Relicário do forcado
Cinta, jaqueta e barrete
Casa de toiros e fado
Barrete Verde de Alcochete
As paredes carregadas
De sonhos e tradições
São tantos os corações
Tantas as almas lembradas
Nas pinturas, penduradas
Na melodia de um fado
Que foi triste e magoado
Na voz de quem o cantava
Catedral da festa brava
Relicário do forcado
O herdeiro de tanta glória
Os forcados do aposento
Se sai o toiro acontento
Salta-lhes logo à memória
As toiradas, que são história
Do forcado de Alcochete
Bravo a pegar o galhardete
De corridas afamadas
Fardado de flor estampada
Cinta, jaqueta e barrete
No canto, logo à entrada
Na sala do matador
Uma aguarela, uma cor
Da mão do mestre pintada
Pois está para o Tejo virada
Essa sala do forcado
Recanto simples, sagrado
De fadistas pegadores
É ou não é, meus senhores?
Casa de toiros e fado
Uma certeza me veste
No corpo desta guitarra
Este fado, a essa amarra
A quem eu peço que empreste
A força àquilo que deste
Quando na praça fui ver-te
Entraste assim de barrete
E depois pegaste um toiro
Escreves sempre em letras de oiro
Barrete Verde de Alcochete
Escreves sempre em letras de oiro
Barrete Verde de Alcochete