Jesus Cristinho que nasceu no Alto do Moura
Carrego o andor que leva esse altar
São nordestinos pai e mãe do nosso redentor
A manjedoura, os reis magos, jaraguás
É pena, já não está mais em cena

Quem fez do barro poema que nos faz chorar
Que a claridade de nossa senhora honre nessa hora
Nosso festejar
Que o tambor da mocidade
Mate essa saudade nesse mafuá

Eu tô voltando pra rever meu mundaréu
Salve são Pedro, santo Antônio e são João
O testamento do barreiro do meu céu
Personagens do cordel
No teatro do sertão

Saudade tenho dos loucos
Que esculpiram meus sonhos
Eudóxia e Zé Caboclo
Galdino e Luiz Antônio
Que no descanso da lida
Jogam xadrez no terreiro
No tabuleiro da vida
Com Bispo Mané Pãozeiro
E no calor da fornalha
Moldam quimeras, sereias
Gente que carrega o barro nas veias

Padre Miguel festejando
Padi ciço frevando
E lá vem boi bumba
O chão de estrelas brilhando
O Deus de barro sambando
Sob a luz do luar