Eu convidei um pássaro a sair do ninho pra voar.
Este sendo um covarde sem asas.
Em terra de livre conceito, isso não é nenhum defeito.
Mas a verdade é uma só.

Um grito preso, talvez ninguém ouvisse.
Mas não! Dessa vez o vento vai.
É tanto medo.
Talvez o outro risse. Mas não!
Dessa vez o outro cai!

Vai ser assim. Não quer calar.
Quem é que vai tentar parar uma onda
Que te leva, não pro mar, mas pra guerra?

Toda noite é um tiro no vazio.
Esse tiro é que me mata.
Se não mata, deixa por um fio
Que eu escondo na memória.

Chorei um terço. Talvez um Cristo.
Ah sim! Meu refúgio em Alcatraz.
É dor no peito, talvez um litro.
Mas não! Dessa vez o grito sai.

Um recomeço. Talvez um mito, eu sei.
Não me cospe. Não me trai.
Um caro preço. Um precipício.
Eu disse não! Teu instinto não me atrai.

Eu quis um beijo e fui traído.
Quem é que vai sonhar, vazio?
Uma foice que te corta, não por mau, mas pra vida.

Toda noite é um tiro no vazio.
Esse tiro é que me mata.
Se não mata, deixa por um fio
Que eu escondo na memória.